Remédios para depressão e Parkinson podem causar demência 51171s

Uso prolongado de anticolinérgicos, classe de remédios utilizada para tratar algumas doenças, aumenta em 30% o risco de demência 5w1r39

Por Kiane Berté 6q1x24

27/04/2018 15h06 1l5ac



O uso prolongado de medicamentos comumente utilizados no tratamento de depressão, Parkinson e incontinência urinária aumenta o risco de demência. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico BMJ, pessoas que tomaram remédios, prescritos especialmente para idosos, por mais de um ano apresentaram uma probabilidade 30% maior de desenvolver a doença. 4s6in

Os anticolinérgicas, que atuam bloqueando os efeitos da acetilcolina, molécula neurotransmissora que afeta o humor, o movimento e a bexiga, já foram associados a outros problemas de saúde como quedas, confusão e problemas de memória. Mas esse é o primeiro a relacionar o uso desses medicamentos ao aumento do risco de demência. 

Demência e anticolinérgicos

A pesquisa analisou o risco de demência de início recente em cerca de 350.000 idosos no Reino Unido. Usando informações recolhidas no Banco de Dados de Pesquisa Clínica do Reino Unido, eles buscaram identificar 40.770 pacientes com idades entre 65 e 99 anos diagnosticados com demência entre abril de 2006 e julho de 2015.

Para comprovar a relação entre a demência e os anticolinérgicos, os pesquisadores compararam quantas doses diárias dessa medicação foram prescritas entre um intervalo de tempo de quatro e 20 anos anteriores ao estudo.

“No total, 27 milhões de prescrições foram analisadas durante esse período. Descobrimos que cerca de 9% dos pacientes com demência haviam tomado anticolinérgicos no ado, em comparação com cerca de 6%  dos pacientes no grupo de controle, no qual havia 30.000 indivíduos”, disse George Savva, principal autor do estudo, durante coletiva de imprensa.

Esse resultado indica que pacientes com um novo diagnóstico de demência tiveram significativamente mais exposição a medicamentos anticolinérgicos durante o período de estudo do que aqueles sem a doença. A chance de um indivíduo aleatório desenvolver demência é de 10%. Entretanto, o uso de anticolinérgicos aumenta esse risco para 13%.

Fatores de risco

Os anticolinérgicos como amitriptilina (usado para tratar a depressão), oxibutinina (incontinência urinária) e prociclidina (doença de Parkinson), por exemplo, foram associados a um risco aumentado em cerca de 30% no desenvolvimento de demência.

“Para os urológicos e antidepressivos, há uma associação bastante clara entre o uso a longo prazo e a incidência de demência. Para medicamentos antiparkinsonianos, o risco existe, mas há muito menos dessas prescrições no banco de dados, então há muito menos certeza”, afirmou Savva.

Apesar de o risco ser consideravelmente alto, os cientistas ainda não sabem determinar os motivos que levam ao aumento do risco de demência entre pessoas que tomam certos medicamentos anticolinérgicos.

Além disso, essa porcentagem é menor do que a associada a outros fatores de risco para a demência, como tabagismo, isolamento social e inatividade física. De acordo com um estudo realizado no ano ado, esses fatores relacionados ao estilo de vida mostraram um aumento de 40% a 60% na chance de desenvolver demência.

Os anticolinérgicos como amitriptilina, oxibutinina e prociclidina estão na lista de anticolinérgicos associados ao aumento do risco de demência (iStock/Getty Images)

Alzheimer e demência

Demência é uma determinação genérica que classifica todas as formas de doenças que causam declínio no funcionamento cerebral de um indivíduo. Já o Alzheimer é a forma mais comum da doença, representando 60% a 70% dos casos de demência, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a Mayo Clinic, uma instituição de pesquisas médica dos Estados Unidos, até o momento sabe-se que os níveis de acetilcolina são significativamente mais baixos em pessoas com Alzheimer. Portanto, algumas drogas anticolinérgicas podem bloquear a atividade normal da acetilcolina em regiões do cérebro associadas à memória e à cognição, resultando em sintomas do Alzheimer.

“Há também algumas evidências de que os anticolinérgicos podem afetar a neuroinflamação. Assim, uma rota presumida é que ela pode criar uma cascata inflamatória, que leva à deposição de tau e amiloide”, comentou Savva. Tau e amiloide são proteínas encontradas nos cérebros de muitos pacientes com demência, particularmente aqueles com Alzheimer.

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