Mudança do nome e perda de área do Vale do Contestado geram críticas de pesquisadores 2h3q71

Denúncia de ausência de debates sobre a substituição para “Vale dos Imigrantes” foi levada ao Ministério Público e Assembleia Legislativa 5a2j21

Por Redação Oeste Mais 6m5y3i

16/11/2019 08h18 5u4e5x



Construção da ferrovia São Paulo-Rio Grande foi o estopim de um dos conflitos mais sangrentos do país. (Foto: Léo Cardoso / Arquivo NSC)

O Contestado, movimento histórico de Santa Catarina comparado à Guerra de Canudos e um dos mais emblemáticos do país, pode ter perdido uma batalha importante. A região do Meio Oeste, cenário do sangrento episódio que entre 1912 e 1916 dizimou milhares de moradores na divisa de Santa Catarina e do Paraná, perdeu a referência do nome Vale do Contestado. 5k2g68

A área ou a se chamar Vale dos Imigrantes. Tornou-se a 13ª região turística de Santa Catarina, sendo oficialmente reconhecida pelo Ministério do Turismo e integrante do Mapa do Turismo Brasileiro 2019. A decisão foi tomada em reunião da Instância de Governança Regional (IGR) do Vale do Contestado, uma espécie de representação do setor turístico nas regiões que conta com a participação de diferentes gestores.

O professor do curso de Geografia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Nilson Cesar Fraga, estuda a região e a Guerra do Contestado há 25 anos. Para ele, a alteração é "um atentado contra a formação do povo catarinense".

conflito foi marcado pelo massacre de caboclos, posseiros, indígenas e pequenos proprietários rebelados, por forças do Estado (Foto: Diário do Rio do Peixe)

De acordo com o professor, a mudança não é apenas grave: é vergonhosa para Santa Catarina. Para Fraga, a partir do momento em que o Estado, sendo multicultural e multiplural, se permite eliminar um grupo formador de sua população para garantir uma ideia que é eminentemente fruto de uma colonização europeia configura-se um atentado contra a formação do povo catarinense

O pesquisador afirma ainda que a mudança foi promovida sem debate e anuência da população, das organizações civis e mesmo de outras instituições de turismo e de ensino. Ele considera que a alteração retira a importância do Contestado que foi recolonizado a partir da Guerra. O conflito foi marcado pelo massacre de caboclos, posseiros, indígenas e pequenos proprietários rebelados, por forças do Estado a serviço dos interesses de empresas multinacionais e grandes proprietários de terras, deixando marcas sociais e econômicas na região até hoje.

Com informações do Diário Catarinense 696i5r


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