Gestantes do Oeste falam sobre incertezas e medos de se esperar um filho durante a pandemia d3w6b

Mães residentes de Ponte Serrada, Faxinal dos Guedes e Itá compartilham dúvidas e angústias 4l3x3a

Por Melyna Branco 2d734f

11/08/2020 10h43 5i3c5p



A ponteserradense Bruna espera ansiosa pela chegada de José Henrique (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a maioria das mães, principalmente aquelas que vivem a primeira gestação, o nascimento de um filho é um dos acontecimentos mais importantes da vida. Este é um momento muito importante que traz muitas alegrias, mas também um misto de inseguranças e incertezas. Com a pandemia do novo coronavírus, se infectar durante a gravidez se tornou mais um medo para a já extensa lista das gestantes, onde a preocupação é dupla: além da saúde da mãe, tem a do bebê. 205e71

Na semana em que o Brasil registrou a triste marca de 100 mil mortos pelo coronavírus, o Oeste Mais procurou algumas gestantes de alguns municípios do Oeste para saber como elas estão se sentindo neste momento tão especial em meio a uma grave pandemia.

A ponteserradense Bruna Branco, de 23 anos, grávida de aproximadamente 35 semanas, conta que devido ao diagnóstico de parto prematuro, está afastada do trabalho, mas que ainda assim ela se sente bastante insegura.

“A gestação em si já é um período de incertezas e insegurança. Então, estar grávida na reta final em meio à pandemia causada da Covid-19 apavora. Pretendo ter meu filho  e voltar pra casa o mais rápido possível”, comenta Bruna.

Questionada sobre os cuidados para evitar o contágio, ela diz que evita sair de casa, mas quando precisa, usa máscara e leva um frasco de álcool em gel no carro e outro na bolsa. Ao voltar para casa, imediatamente troca de roupa e toma banho.

Bruna finaliza deixando uma mensagem para outras mães: “Que todas as mães, tenham em mente que a proteção dos filhos é muito importante, que não achem exagero em cobrar das pessoas que estão em seu convívio os devidos cuidados, que persistam nos métodos preventivos contra o vírus! E ter fé que logo tudo isso vai ar!”

O Ministério da Saúde incluiu em abril as gestantes no grupo mais suscetíveis aos efeitos da Covid-19, assim como as puérperas (mulheres que deram à luz recentemente). Antes, apenas gestação de alto risco era considerada condição clínica preocupante para desenvolvimento de complicações e casos graves da doença. De acordo com o Ministério, essas mulheres são mais vulneráveis a infecções. É por isso que elas estão nos grupos de risco do vírus da gripe, por exemplo.

A moradora de Faxinal dos Guedes, Izabel Zanatta, que tem 36 anos e já é mãe de um menino, aguarda ansiosa pela chegada da filha. Ela comenta que todos na família estão muito felizes e esperançosos, mas ao mesmo tempo muito preocupados devido à situação atual da Covid-19. Izabel conta ainda que ela já teve orientação médica e todos os cuidados são redobrados.

“Vivemos um momento bem complicado, mas não podemos entrar em pânico. A Covid-19 está aí e a única maneira de superar essa pandemia é ter os cuidados exigidos. E ter muita fé que vai dar tudo certo”, diz.

Izabel Zanatta à espera de Alanis (Foto: Arquivo pessoal)

Dupla emoção

Uma gravidez pode ser planejada, esperada ou mesmo surpresa, a notícia sempre se espalha entre familiares e amigos. Muitas mães descrevem a maternidade como um dos momentos mais sublimes e marcantes da vida. Mas e quando a novidade vem em dobro?

Esse é o caso de Giane Minella, de 32 anos. A analista ambiental, moradora de Itá, está à espera de Benício e Bernardo. Além deles, ela já tem outro filho de quatro anos. Giane, que está com aproximadamente 32 semanas de gestação, conta que vem trabalhando de forma remota desde o início da pandemia.

“Uma gestação gemelar já é caracterizada por muitas incertezas, medo, insegurança e preocupações. Com a pandemia tudo isso se agravou. A rotina de exames e consultas é intensificada em uma gestação gemelar, o que nos preocupa, sabendo que esses ambientes são locais de bastante circulação de pessoas”, comenta Giane sobre os cuidados extras durante a gestação de gêmeos.

A mãe de Bento, Benício e Bernardo, relata também que só saiu de casa nesse período por motivos realmente essenciais. E ressalta ainda que não acha que seja um exagero e que se todas as pessoas agissem dessa maneira, a pandemia acabaria antes.

“Me deixa triste saber que algumas pessoas não entendem a importância do isolamento, fazendo aglomerações em festas particulares, bares. Todos tem na família alguém que se enquadra em alguns dos grupos de riscos. É nosso dever preservar essas pessoas e protege-las nesse período”desabafa a moradora de Itá.

Ao ser questionada sobre os protocolos de higienização, ela diz que toma todos os cuidados necessários. Entre as medidas que Giane tomou, as principais foram não receber pessoas em casa, não fazer chá de bebê e não sair para fazer compra dos enxovais. Além disso, ela não sai para fazer compras, apenas o marido vai ao mercado e todos os produtos que chegam são higienizados.

As idas ao médico são sempre muito bem observadas, evitando qualquer tipo de contato com outras pessoas, cuidados com elevadores, etc. Ao retornar para casa, a primeira coisa a fazer é tomar banho e colocar todas as roupas para lavar, destaca.

Uma das coisas que mais preocupa Giane é a ida ao hospital na hora do parto. Segundo ela, embora saiba de todos os procedimentos de higienização do hospital, a insegurança é inevitável. O maior desejo é levar a gestação o mais longe possível para que os bebês fiquem hospitalizados o menor tempo possível e que voltem em segurança para casa.

Giane finaliza dizendo que todas as mães devem tomar todos os cuidados necessários e tentar manter a calma e controlar a ansiedade, mesmo sabendo que é um momento muito difícil.

Giane Minella está grávida dos gêmeos Benício e Bernardo (Foto: Arquivo pessoal)

Gestantes e puérperas: cuidados durante a pandemia

Com o intuito de tranquilizar as gestantes e mães de recém-nascidos, o Oeste Mais entrou em contato com o médico carioca e colunista do Portal, Lucas Tarlé, para que ele falasse um pouco sobre os cuidados que devem ser tomados por estas mães durante a pandemia.

Tarlé comenta que, no geral, as recomendações do Ministério da Saúde são as mesmas.

“Geralmente a mulher descobre a gestação no segundo mês, com sete ou oito semanas. O Ministério da Saúde estipula que a paciente tem que ter no mínimo seis consultas pré-natais para que tenha um pré-natal de qualidade. A gestante faz consultas mês a mês, até ela chegar a mais ou menos 28 semanas, depois ela a a fazer consultas quinzenais até chegar as 36 semanas. A partir disso, bem perto do parto, a gestante a a ter consultas semanais. É normal ultraar seis consultas”, diz o médico.

Lucas acrescenta ainda que é muito importante que as mães não deixem de fazer o pré-natal, mas por conta da pandemia, a gestante deve tomar todos os cuidados necessários: manter a distância, usar máscara, levar sempre um frasco de álcool para higienização e se espirrar ou tossir, cobrir a boca e o nariz.

O médico diz ainda que sabe que é um momento da vida que gera muita ansiedade e expectativas, que normal que as mais queiram deixar tudo pronto para a chegada do bebê, mas os cuidados com a saúde de ambos estão em primeiro lugar. Em forma de brincadeira, aconselha as gestantes:

“Aviso para as gestantes que quando o neném nascer, as lojas vão continuar existindo, então a pessoa pode comprar o que vir a faltar depois. Não precisa se adiantar e ir várias vezes em aglomerações para fazer as compras”.

O médico também dá dicas às mães puérperas, que são aquelas que tiveram o filho há pouco tempo. Segundo ele, depois que a criança nascer, é fundamental que receba as vacinas em dia. Lembra ainda que é importante levar a criança às consultas do período do puerpério.  A criança precisa de uma consulta ainda recém-nascida, depois com 15 dias, um mês, dois meses e três meses, depois as consultas vão espaçando.

“O ideal é que a mãe vá ao posto de saúde mais próximo de casa e perguntar como o posto está funcionando na atual situação”, comenta Tarlé, dizendo que é importante que as mães saibam como está funcionando os atendimentos e agendamentos nas unidades básicas de saúde.

Cuidados em casa

Sobre os cuidados com o bebê em casa, o médico diz que é muito importante higienizar as mãos todas as vezes que a pessoa tocar na criança. Após fazer a higienização, recomenda-se aguardar 20 segundos antes de pegar o bebê.

Em caso de mãe infectada, a recomendação é o-se o uso de máscara e também a higienização das mãos. Com relação às visitas, é sempre bom controlar, sempre higienizando as mãos e usando máscara. Se qualquer familiar tiver qualquer sintoma de resfriado, não visitar a criança nem a mãe. De acordo com ele, é preciso usar o bom senso.

“Como estou vendo que aí [em Santa Catarina] os casos estão crescendo, talvez seja bom esperar até umas quatro semanas para começar a receber os familiares porque com o número crescente, a possibilidade de algum familiar ter contraído o vírus e adoecer alguns dias depois é bem maior. É bom ter esses cuidados".

Por fim, Lucas ressalta que gestante só pode usar medicamento depois de conversar com o médico, por isso ele alerta: “nada de ivermectina e hidroxicloroquina”.


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