Uma casa sempre fechada, onde as crianças eram pouco vistas brincando na rua e o único som que se ouvia eram os gritos e choro dos menores em várias horas do dia. Foi assim que dois vizinhos descreveram o local onde morava Lyan de Oliveira. O menino de dois anos morreu na noite do último sábado, dia 5, em Ponte Serrada, com sinais de agressão. 1j2t51
Um dos moradores, que é proprietário da casa onde Lyan vivia, no distrito de Baía Alta, contou ao Oeste Mais que o Conselho Tutelar seguidamente fazia "visitas" aos tios do pequeno.
Era comum alguém denunciar os maus-tratos contra ele e outras seis crianças – sendo quatro irmãos do menino, incluindo uma gêmea – que viviam na casa junto aos tios e uma idosa, que seria avó materna do menino.
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Inclusive, Nicole Kruger, amiga de Simone de Oliveira, mãe de Lyan, contou que, há 20 dias, Simone se deslocou de Brusque – município em que vive e trabalha – para ver o filho e o encontrou todo engessado da cintura para baixo. A tia de Lyan, que havia ficado responsável pelo menino, alegou que ele tinha caído do carrinho.
A foto que mostra o pequeno todo engessado está circulando em grupos nas redes sociais, juntamente com a imagem dos suspeitos. Outra imagem, bastante pesada e comovente, mostra o menino durante o velório.
Gritava por ajuda
Diana Antunes Fernandes, uma vizinha do casal, responsável por levar Lyan ao hospital de Ponte Serrada, disse ao Oeste Mais que havia retornado do mercado e ouviu gritos vindos da casa ao lado. A tia da criança saiu pela porta gritando por ajuda, com o menino nos braços, dizendo que Lyan tinha caído e batido a cabeça.
“Jogou ele nos meus braços [...]. Tentei erguer ele para cima pra ver se voltava a respirar, porque ele estava molinho já. Coitadinho, tentava respirar e desmaiava de novo”, relatou.
Lyan estava bastante pálido e sangrava pelo nariz, mas ainda não estava roxo, segundo Diana. Percebendo que o menino não acordava, a mulher o levou para dentro de casa e o colocou no sofá, tentando reanimá-lo com massagem cardíaca, mas nada resolveu. Depois disso, pediu socorro ao dono da casa, que também mora ao lado, para ir até o hospital.
Com o menino desfalecido nos braços, Diana chegou ao hospital. Ela conta que foi impedida de continuar ao lado dele por não ser responsável pelo menor. A vizinha, que mora há quatro meses no mesmo bairro, disse não conhecer direito os tios da criança e que também conversava muito pouco com eles no dia a dia, mas relatou também ouvir o choro dos pequenos diariamente.
“Teve um dia que a senhora [avó de Lyan], acho que é mãe dele [tio do menino], implorou pra não baterem nas crianças. Eles viviam trancados”, revelou.
Conforme Diana, no momento em que socorreu Lyan, apenas a tia, a avó e as outras crianças estavam na casa. O tio do menino estaria trabalhando e só retornou depois que ficou sabendo do acontecido, disse ainda a vizinha.
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A mesma moradora, assim como outras testemunhas, disse que o menino andava sem fraldas em casa e costumava apanhar porque fazia as necessidades fora do vaso sanitário. Na noite em que foi levado ao hospital, Lyan chegou até a unidade totalmente sem roupa.
Casa sempre fechada
O proprietário da residência, que prefere não se identificar, disse que nunca teve um contato direto com a família, a não ser quando precisava fazer o acerto do aluguel ou conversar sobre algo relacionado à casa. Mas, nas poucas vezes em que falou com eles, disse que eram pessoas normais.
Conforme ele, eram poucas as vezes que via as crianças brincando na rua ou a casa aberta. Boa parte das horas, praticamente o dia todo, elas ficavam trancadas, inclusive nos finais de semana. Nos dias em que os menores eram vistos do lado de fora da residência, o tio estava em casa, na companhia deles.
Morte
Lyan de Oliveira deu entrada no Hospital Santa Luzia por volta das 19h30 do último sábado. Segundo a equipe que prestou os serviços fúnebres, o menino tinha muitos ferimentos internos, com várias hemorragias. O corpo de Lyan de Oliveira foi sepultado no final da manhã do último domingo, dia 6, no cemitério municipal de Ponte Serrada.
Investigação
A Polícia Civil já começou a ouvir algumas testemunhas para investigar o caso, que está sob a responsabilidade da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Xanxerê, devido à complexidade.
O delegado Marcelo Teske coordena os trabalhos. “amos a realizar as primeiras diligências e aguardamos o laudo do IML em relação à causa mortis. Esse inquérito está correndo em segredo de Justiça. No momento não podemos ar maiores informações, tendo em vista a não prejudicar as investigações”, disse ao Oeste Mais ainda no início da semana.
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