Criado-mudo: racismo histórico ou campanha contemporânea para vender móveis? 1z12w

"Fake news do bem" foi criada por rede de lojas e não possui nenhum registro histórico 5h4p44

Por Giulia Sacchetti Ferreira 2k1v4g

20/01/2023 09h43 694j11



A história começa em uma campanha publicitária lançada pelo grupo de lojas Etna, no Dia da Consciência Negra de 2019. Na propaganda, a marca de móveis usa o termo “criado-mudo nunca mais”, fazendo referência ao significado do móvel ter vindo da época da escravidão no Brasil. Ele lembra o escravo que ava a noite cuidando dos nobres, em silêncio, ao lado da cama. 51274h

Na edição deste ano do Big Brother Brasil (BBB), a participante Marvvila chamou atenção do brother Gabriel após ele citar o termo.

“Você falou criado-mudo, né?”, perguntou a cantora. “Então, esse termo não se usa mais, porque é racista. Sei que falou na inocência, mas é melhor eu te falar”, completou ela. Em seguida, Gabriel se desculpou e concordou com a sister.

Campanha da rede de lojas Etna usa o termo "criado-mudo nunca mais" (Foto: Reprodução)

Porém, entre tantos pensamentos, essa versão tem sido contrariada, já que não há nenhuma evidência histórica de que criado-mudo se refira à escravidão. Nos dicionários da época, o móvel era conhecido como “donzella”.

Não há cartas, livros ou jornais que registrem o uso dessa palavra no cotidiano escravocrata. Conforme pesquisas nos principais sites de busca, o fato de o termo criado-mudo ter se tornado racista surge pela primeira vez a partir da campanha da Etna, em 2019.

A “fake news do bem”, criada pela marca, conseguiu convencer o público, usando uma mentira como se realmente fosse um fato histórico.

O móvel, também é chamado de "mesa de cabeceira" ou até mesmo de “bidê” em algumas regiões.

Outros termos

Atualmente, outros termos conhecidos e ainda muito usados no Brasil, por puro costume ou falta de conhecimento, surgiram na época da escravidão. É importante ressignificar a forma de falar, repensar e corrigir as expressões, que durante séculos mataram e oprimiram gerações de um povo negro. Veja abaixo: 

• “Cor de pele”: aprende-se desde criança que “cor de pele” é aquele lápis meio rosado, meio bege. Porém, o tom não representa a pele de todas as pessoas, principalmente no Brasil, onde 53% dos brasileiros se declaram pardos ou negros.

• “Denegrir”: sinônimo de difamar, possui na raiz o significado de “tornar negro”, como algo maldoso e ofensivo, “manchando” uma reputação antes “limpa”.

• “Serviço de preto”: mais uma vez a palavra preto aparece como algo ruim. Desta vez, representa uma tarefa malfeita, realizada de forma errada, em uma associação racista ao trabalho que seria realizado pelo negro. Existem ainda aquelas expressões utilizadas sem sequer percebe a conotação negativa, como por exemplo: “Mercado negro”, “magia negra”, “lista negra” e “ovelha negra”, entre outras inúmeras expressões em que a palavra ‘negro’ representa algo pejorativo, prejudicial, ilegal.

Crimes

O crime de injúria racial está associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima e estabelece a pena de reclusão de um a três anos e multa.

Já o crime de racismo, que fala sobre recusar ou impedir o a estabelecimento comercial, impedir o o às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou às escadas de o, negar emprego em empresa privada, entre outros, tem pena de reclusão, de dois a cinco anos, além de multa.


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