Aziel Floriano, de 21 anos, foi o índio morto durante um conflito na Aldeia Kondá, em Chapecó, no último domingo, dia 16. Além da morte, várias pessoas ficaram feridas, casas e carros foram incendiados e centenas estão desabrigadas. A Prefeitura de Chapecó abriu um alojamento para acolher os indígenas de forma provisória no Ginásio Ivo Silveira. n6b5g
“Índio se matando? Eles não são índios. Por que eles tinham arma? Índio tem arma? Que eu saiba, os brancos que têm arma. Eu sei que meu filho não vai voltar. Eles vão ter tudo ali, eles vão ter os filhos deles perto deles, e eu não”, disse a mãe de Aziel, Andreia Matos, em reportagem publicada pelo g1.
Conforme apurou o Oeste Mais, o corpo de Aziel foi velado e sepultado na manhã de terça-feira, dia 18, na linha Gramadinho, no interior de Nonoai, município gaúcho que faz divisa com Chapecó.
O conflito se desencadeou por volta das 9h30 da manhã de domingo. Segundo o Corpo de Bombeiros, os envolvidos estavam ingerindo bebida alcoólica no local. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) relatou que o conflito tem a ver com uma disputa de poder e o caso envolve opositores do atual cacique Efésio Siqueira, eleito no ano ado, mas sem reconhecimento da oposição.
“O que está acontecendo mesmo é que eles querem tomar o poder, que tenho dois anos ainda para cumprir. Daqui a dois anos, vai ter uma eleição de novo. É isso que eu quero que cumpra. E que a Justiça olhe para esses lados. Que a justiça seja feita para essas pessoas”, disse Efésio.
Um dos líderes de oposição, Edson Rodrigues afirmou que desde a última quinta-feira, dia 13, o grupo de oposição vem sofrendo ameaças de expulsão da aldeia. “No momento antes de acontecer, na quinta-feira à noite, pelas redes sociais e WhatsApp, já estava tendo essa discussão, esse conflito, intimidando o pessoal", disse.
Tentativa de paz
No segundo dia em Chapecó, o secretário da Segurança Pública de Santa Catarina, Paulo Cezar Ramos de Oliveira, reuniu-se nesta quarta-feira com a comunidade indígena Kaingang.
No começo da manhã ele esteve no ginásio Ivo Silveira, onde estão abrigados cerca de 300 indígenas. O procurador do Ministério Público Federal (MPF), Antônio Augusto Diniz, e o comandante do 4º Comando Regional de Polícia Militar de Fronteira, coronel Jorge Luiz Haack, também participaram da reunião.
Depois, o secretário e as demais autoridades realizaram visita à Aldeia Condá. Esse encontro contou com representantes do MPF, PM, Funai, Ministério dos Povos Indígenas, do cacique Efésio Siquira, de caciques de outras aldeias vizinhas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, além da comunidade indígena.
“Foi uma reunião produtiva para que a gente possa encaminhar da melhor maneira possível o retorno das pessoas que estão no ginásio de esportes da cidade para o convívio normal na aldeia. Isso vai depender de alguns fatores, que escapam até da brevidade de tempo”, disse Paulo Cezar.
Reforço policial
Segundo o secretário, o policiamento preventivo continuará na região por meio de ações da 4ª Região da PM e com reforço de policiamento de Florianópolis, cujos policiais militares já estão no município.
“Estamos interagindo para que a paz volte a reinar o mais rápido possível e que os indígenas que estão no ginásio e os que estão na aldeia possam voltar a conviver”, ressaltou. Uma das sugestões apresentadas, além da medida de reforço no policiamento, foi a de buscar auxílio da Justiça Eleitoral no futuro processo de eleição do cacique da aldeia.
O atual cacique agradeceu a presença das autoridades e pediu a permanência do policiamento. Ele lembrou que a comunidade está de luto por sete dias em virtude da morte do índio Aziel Floriano. O crime está sendo investigado pela Polícia Federal, que segue na região da aldeia.
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