“É uma luta diária”, diz jovem que sofreu lesão medular após acidente 162i7

Émely Pauline Gallo de 26 anos fala sobre desafios, mudança na rotina e em como a fé tem ajudado na nova fase 2z211l

Por Kiane Berté 6q1x24

23/10/2023 10h22 - Atualizado em 23/10/2023 11h03 5d1762



Émely tinha 16 anos quando sofreu o acidente (Foto: Arquivo pessoal)

“A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver.” 50m1w

Usando uma citação bíblica, a jovem Émely Pauline Gallo, de 26 anos, tenta expressar o alívio de estar viva e podendo aproveitar e valorizar a chance de buscar o propósito de vida.

Aos 16 anos de idade, ela viu sua vida mudar completamente ao sofrer um acidente de trânsito, em 2014. No auge da adolescência, a jovem perdeu os movimentos das pernas e, desde então, vem lutando contra o preconceito e com os desafios do dia a dia.

“É uma luta diária. As pessoas acham que andar é o maior dos problemas. E eu posso afirmar com toda certeza que NÃO! Só quem tem lesão medular vai entender”, comenta.

O acidente que bagunçou os planos da moradora de Ponte Serrada, no Oeste catarinense, ocorreu no dia 28 de setembro e já completou 9 anos. Apesar de ter ado bastante tempo, as cicatrizes externas e internas ainda são visíveis, principalmente quando a data se aproxima. Émely diz tentar se ocupar de todas as formas possíveis para esquecer aquele dia, e ficar sozinha também não é uma opção.

“É terrível contabilizar o tempo, porque sinto que perdi muitas coisas”, desabafa.

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Jovem teve lesão medular e perdeu os movimentos das pernas (Foto: Arquivo pessoal)

Um momento difícil

Émely relata que o resultado dos exames foi dado pelo médico à mãe dela, que chorou com o diagnóstico de lesão medular. Mesmo assim, ela se recorda de nunca ter recebido o laudo médico final, de ninguém.

A família sempre buscou protegê-la das situações externas e, um exemplo que Émely cita, foi de ter todas as mensagens do celular deletadas pela irmã mais velha. Essa foi uma forma de “preservar” o psicológico dela. Mesmo ficando chateada de início pela situação, Émely acredita que tenha sido a melhor escolha.

Logo após receber alta hospitalar, depois de ar mais de 15 dias internada no Hospital Regional do Oeste (HRO), em Chapecó, um novo desafio bateu à porta. A jovem retornou para casa e ali permaneceu durante um longo tempo, sentindo que aquele era o local mais “seguro” para recomeçar.

“Era onde eu sentia que podia ser eu mesma, sem julgamento, olhares e o constrangimento dos locais que não são íveis”.

No conforto do lar, Émely ou a receber muitas visitas de amigos. Com o ar do tempo, o número diminuiu e, conforme ela, “cada um seguiu seu rumo”. “Sou grata a quem esteve ali e não soltava minha mão, foi importante estar rodeada de quem me fazia bem”.

Émely fez doação de cabelo à Rede Feminina de Combate ao Câncer de Ponte Serrada (Foto: Arquivo pessoal)

Buscando ajuda

A ponteserradense precisou ter muita maturidade para lidar com algumas situações e a nova vida. Algumas questões pessoais ainda a afetam psicologicamente, principalmente quanto surgem "falas ou atitudes repudiáveis de pessoas próximas”.

Para ela, falar sobre aceitação é algo que não faz parte do processo. Émely diz tentar evoluir e aprender a lidar com tudo, mas sem aceitar a condição.

“Hoje eu não vivo do jeito que eu sonhei e planejei, mas quando temos Deus no coração, precisamos crer num propósito muito maior do que aquele no qual tínhamos idealizado”, menciona.

Há dois anos, a jovem se rendeu aos tratamentos psicológicos para se sentir melhor. Foi entre uma consulta e outra que a profissional que a atende propôs a Émely permanecer um mês sem recusar convites.

Durante esse período, ela foi surpreendida com um telefonema da ex-chefe, oferecendo uma vaga de emprego. “Era descaradamente a oportunidade batendo na minha porta, e eu não podia recusar”, conta.

Além do trabalho, onde está há dois anos, a jovem iniciou a faculdade de istração e cursa o 6º período. Para ela, a nova rotina se tornou cansativa por conta das condições, mas, apesar disso, gratificante por ocupar a cabeça e deixar de lado o comodismo para viver novas experiências.

“Ainda tenho muito o que aprender e evoluir, mas hoje sigo dando o meu máximo para aproveitar a vida da melhor forma possível, valorizando a chance de ter sobrevivido, e em busca de um propósito que ainda não sei, mas confiar em Deus, faz parte da FÉ”.


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