Há 10 anos, o ponteserradense Silvester Zulian, de 35 anos, assumiu um dos papéis mais simbólicos e emocionantes da tradicional Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, realizada anualmente na Sexta-feira Santa em Ponte Serrada, no Oeste de Santa Catarina. Desde então, ele representa Jesus Cristo em um espetáculo que reúne centenas de voluntários e atrai público de toda a região. th5l
Silvester começou a participar da encenação ainda jovem, aos 13 anos, inicialmente em papéis como auxiliar de Pilatos, membro do Sinédrio e discípulo, o mais desafiador até então, afirma. “Apesar de não ter falas, exigia muito gestual e atenção à posição nas cenas. É um papel com grande responsabilidade”, lembra.
Com o tempo, assumiu papéis maiores, até que, há uma década, foi escolhido para representar Jesus Cristo.
“Acredito que levar a mensagem de Jesus para as pessoas é sempre muito importante. Ele toca a alma das pessoas com seus ensinamentos. Que a encenação seja uma porta de entrada ou uma semente, para que as pessoas busquem mais a Deus”, comenta.
Para Silvester, a encenação é uma poderosa forma de evangelização. “Gosto de fazer a encenação, pois ela é uma excelente catequese visual, tanto para as crianças quanto para os adultos. Mesmo quem já conhece a história, ao ver encenada, aprende de uma forma diferente”, ressalta.
A preparação é intensa. Os ensaios começam cerca de 60 dias antes do evento. “Gosto também de ensaiar sozinho, para refinar algumas cenas”, conta "Jesus", que enfatiza a importância de estudar falas e movimentos todos os anos, mesmo com o apoio de áudio nas cenas.
Dedicação
A encenação acontece no Morro das Cruzes, junto ao Santuário Nossa Senhora Aparecida, e mobiliza aproximadamente 180 pessoas entre atores e equipe técnica. Crianças, jovens e adultos se envolvem voluntariamente para dar vida ao espetáculo, que tem duração média de duas horas e conta com cenas marcantes como a Santa Ceia, o açoitamento de Jesus, a ressurreição de Lázaro, a prisão de Jesus, morte e ressurreição.
Embora no papel principal, ele sabe a importância de cada personagem e destaca o empenho de todo o grupo. “Independentemente do papel que fiz, sempre me dediquei porque acredito que todos precisam se empenhar para levar a mensagem da encenação às pessoas”.
Entre os momentos mais marcantes da trajetória, destaca a primeira vez em que a cena do batismo foi encenada. “Era uma novidade e havia uma certa tensão para saber se daria certo. No fim, acabou sendo uma das cenas mais bonitas que já fizemos, e continua até hoje na encenação”, conta, com orgulho.
Apesar de estar há 10 anos no papel principal, Silvester afirma que nunca cobiçou o papel de Jesus. "Sempre deixei livre para que, se a comissão organizadora optasse por outra pessoa, ou alguém do grupo quisesse se propor, eu aceitaria tranquilamente. Faço o papel enquanto decidirem que deve ser eu".
'Uma catequese'
Coordenador da Encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, Celiomar Maier (Celio) é responsável por orientar os participantes nos gestos e na entonação dos diálogos.
“A encenação foi criada com o objetivo de ser uma catequese principalmente para as crianças, porque as crianças elas são muito mais visuais, então a ideia era realmente que elas vissem o que se ou com Cristo e fizesse essas perguntas para os pais em casa”, explica.
Segundo Celio, uma das cenas foi modificada neste ano e promete emocionar o público. “A gente tem a oportunidade de levar uma mensagem de fé, de esperança e refletir um pouco sobre o sofrimento de Cristo sobre a pregação dele e tudo isso é colocado durante a encenação”, completa o coordenador.
Entrada gratuita
O evento religioso é realizado em Ponte Serrada há mais de duas décadas, e a 25ª edição está marcada para esta Sexta-feira Santa, dia 18, às 16h30. A entrada é gratuita.
A organização informa que haverá algumas cadeiras disponíveis para o público, mas que a população pode levar de casa. Também é recomendado levar guarda-chuva ou capa de chuva, além de uma blusa extra para se proteger, caso esfrie ou chova durante a apresentação.