O Senado aprovou um projeto de lei que impõe novas restrições à publicidade de apostas esportivas, as bets, com proibição do uso de atletas, influenciadores, artistas e autoridades em campanhas publicitárias. A proposta, de autoria do senador Styvenson Valentim (PSDB), segue agora para análise da Câmara dos Deputados. 526og
O texto insere as novas regras na Lei 14.790/2023, que já regulamenta as apostas de quota fixa. A proposta não proíbe totalmente a propaganda das bets, mas busca limitar seu alcance, especialmente entre jovens e crianças, e conter o avanço de problemas relacionados ao vício em jogos.
Segundo o relator, senador Carlos Portinho, a autorregulação do setor falhou, e as medidas são inspiradas em experiências bem-sucedidas de políticas públicas, como a de combate ao tabagismo no Brasil.
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No texto, aprovado por unanimidade no Senado, os parlamentares destacaram a explosão do vício em apostas, especialmente entre os mais jovens e vulneráveis financeiramente. Pesquisa do DataSenado (2024) mostra que 13% dos brasileiros com 16 anos ou mais apostaram no último mês — a maioria recebe até dois salários mínimos.
"Tem pessoas se degradando, perdendo patrimônio, ficando doentes psicologicamente, sendo vítimas até de suicídio ou de cobranças de agiotas. São pessoas que acreditam que vão criar um patrimônio, ficar ricos jogando porque têm a triste ilusão de um influencer ou de uma pessoa que mente para elas nas redes sociais ou na TV, numa propaganda dizendo — com carro importado, com relógio caro, muito bem vestida — que as pessoas vão ter aquele mesmo padrão de vida jogando nas bets", lamentou o autor do projeto, senador Styvenson Valentim.
Senadores também criticaram a atuação dos clubes de futebol, que tentaram barrar a proposta por medo de perder receitas publicitárias. Apesar disso, o projeto permite exceções para preservar contratos já existentes, buscando equilíbrio entre a proteção social e os interesses econômicos.