A perda de floresta na Amazônia cresceu 18% nos primeiros nove meses do chamado “calendário do desmatamento”, que por causa do período de chuvas na região vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte. Conforme dados do instituto de pesquisa Imazon, a área desmatada na Amazônia ou de 2.136 km² entre agosto de 2023 a abril de 2024 para 2.530 km² entre agosto de 2024 e abril de 2025. 3f2v1z
Porém, em relação ao recorde do período, registrado entre agosto de 2020 a abril de 2021, quando foram devastados 6.330 km², o desmatamento do calendário atual é 60% menor. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto, que começou a monitorar a Amazônia por imagens de satélite em 2008.
“Embora ainda menor do que no período de recorde, esse crescimento serve de alerta. Se esse ritmo continuar, podemos encerrar o calendário de desmatamento de 2025 com índices elevados de destruição. Por isso, é fundamental intensificar as ações de combate e controle, priorizando os territórios mais ameaçados”, destaca a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.
Amazonas lidera desmatamento em abril
Apenas em abril de 2025, a Amazônia perdeu 234 km² de floresta, um aumento de 24% em relação ao mesmo mês de 2024. O dado representa a retirada de 780 campos de futebol por dia de floresta. Porém, se comparado com o recorde da série histórica, registrado em 2022, quando foram derrubados 1.197 km² em abril, a área desmatada em 2025 é 80% menor.
Já em relação aos estados, os que mais desmataram em abril de 2025 foram Amazonas (40%), Mato Grosso (38%) e Pará (11%), que juntos concentram 89% do total devastado.
E entre os municípios, cinco dos 10 que mais desmataram em abril deste ano são de Mato Grosso. Aripuanã, por exemplo, está no ranking pelo quinto mês consecutivo, desde dezembro de 2024, evidenciando um padrão contínuo de pressão sobre a floresta na região. Além desse município, Colniza, também no Mato Grosso, e Apuí, no Amazonas, têm aparecido de forma recorrente entre os mais desmatados, desde fevereiro de 2025.
Entre os dez assentamentos que mais desmataram em abril de 2025, seis estão no Amazonas. O assentamento Rio Juma, localizado no estado, ocupou pela segunda vez consecutiva o primeiro lugar no ranking de desmatamento. Apenas em abril, a área destruída no território foi de 16 km², o equivalente a 1.600 campos de futebol.
Quando se observa o desmatamento nas unidades de conservação, a mais destruída em abril foi a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, localizada no Pará. O território perdeu 4 km² de floresta, quatro vezes a mais que o registrado pelo segundo território mais destruído, a Floresta Nacional (Flona) do Iquiri, no Amazonas, com 1 km².
“O monitoramento mostra que, mesmo fora do pico histórico, algumas localidades seguem sob pressão constante, como é o caso de assentamentos e municípios que aparecem repetidamente nos rankings. Isso indica que não estamos lidando apenas com eventos pontuais. É fundamental que as estratégias de combate sejam contínuas, territorializadas e acompanhadas de políticas públicas que promovam alternativas sustentáveis de uso da terra”, completa Larissa.
Degradação diminui em abril, mas cresce no calendário do desmatamento
Em abril de 2025, a Amazônia teve 25 km² de florestas degradadas, uma queda de 96% em relação ao mesmo mês do ano ado, que havia apresentado a segunda maior degradação já detectada para o período, com 696 km². Apesar da melhora, a área afetada por esse dano florestal corresponde a cerca de 83 campos de futebol por dia.
“Diferente do desmatamento, que é a remoção completa da vegetação, a degradação ocorre por meio das queimadas e da extração de madeira, que causam danos na floresta”, explica Manoela Athaide, pesquisadora do Imazon.
Já quando se analisa o acumulado da degradação no calendário do desmatamento, de agosto de 2024 a abril de 2025, o cenário é diferente do observado apenas em abril: houve um aumento de 295%, chegando a 34.038 km². Esse crescimento é resultado, principalmente, das queimadas nos meses de setembro e outubro de 2024, quando houve um pico histórico do problema ambiental na região.
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