Vinte pessoas foram presas nesta terça-feira, dia 19, suspeitas de participarem da adulteração de leite no Oeste catarinense e no RS. Elas teriam ligação com duas empresas, a Latícínios Mondaí e a Laticínios Lajeado Grande. 1p3c6h
A investigação iniciou há cinco meses, após denúncias recebidas pelo Ministério da Agricultura (Mapa). O Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) realizou as operações Leite Adulterado I e II nesta terça.
Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em Mondaí, Lajeado Grande e em Chapecó, além de Xaxim, Ponte Serrada e Vista Alegre (RS). Entre os presos estão proprietários das empresas, técnicos de laboratórios e funcionários. Em Mondaí, no Oeste, entre os sete detidos está um dos sócios da Laticínios Mondaí e ex-prefeito da cidade, Irineu Bornholdt.
Imagens mostrariam adição de químicos
O Gaeco afirma que conseguiu imagens de funcionários das empresas adicionando produtos químicos em caminhões. Uma funcionária reclamaria que queimou o dedo com o produto, funcionários estariam lavando os braços no leite e o produto apareceria borbulhando após a adição dos químicos.
De acordo com o Gaeco, os produtos adicionados seriam formol, soda cáustica e água oxigenada. O objetivo seria recuperar leite deteriorado. Também há suspeita de adição de água para aumentar o volume do produto.
O major José Ivan Schelavin afirma que a compra dos produtos químicos era realizada no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) de uma metalúrgica que já estava desativada há um ano. "Em um ano foram adquiridos 1,5 mil quilos de soda e oito toneladas de água oxigenada", relatou.
A estimativa é que dois caminhões com cerca de 70 mil litros de leite cru – metade da produção dos laticínios – eram enviados diariamente para empresas de São Paulo, segundo o major. O restante era comercializado nos três estados do Sul.
Para o promotor da comarca de Xanxerê, Eduardo Sens dos Santos, as empresas que recebiam esse produto deveriam desconfiar da qualidade pela distância percorrida. O inquérito deve ser concluído em dez dias.
O coordenador regional do Gaeco na Região Oeste, Fabiano Baldissarelli, afirma que os envolvidos podem ser enquadrados em crimes como organização criminosa, falsidade ideológica e adulteração de produto alimentício, penas que somam no mínimo oito anos de detenção.
As empresas citadas foram procuradas, mas ninguém se manifestou sobre o caso. Na casa de Irineu Bornholdt ninguém quis falar sobre o assunto.
Aumentando a validade
A professora Alcilene Monteiro, do Departamento de Engenharia Química de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), alerta que as adulterações podem ocorrer nos diferentes tipos de pasteurizações – que consiste no tratamento térmico do leite para eliminar micro-organismos.
Ela explica que quando o leite chega do produtor para a indústria, ele a por uma análise que inclui testes de gordura, PH e antibiótico, feitos pela empresa de laticínios. Depois o produto é levado para o armazenamento, onde é refrigerado entre 4ºC e 7ºC.
O tempo de armazenamento, antes da embalagem, é de 48 horas. Após este prazo o leite começa a azedar. É neste momento que algumas empresas tentam aumentar a validade do produto. "Provavelmente, como querem aumentar o tempo de estocagem, as empresas adicionam as substâncias como formol, água oxigenada, aumentando a vida útil do alimento. A soda cáustica é usada no leite para disfarçar o gosto quando já está azedo", explica.
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